domingo, 28 de março de 2010

Desses desabafos que eu fico sem palavras e sem saber que eu tô sentindo direito, é assim que começo. Tanta coisa engasgada, tanta coisa a ser dita e tanta coisa sentida que misturou-se tudo e não sei nem aonde estou. Quando conheço alguém, eu me anulo. Eu me anulo temporiariamente porque quero mergulhar num universo que não é meu, pra ver se entendo melhor o mundo. Quando conheço alguém, eu me abalo. Me abalo porque sou toda sentidos e quase nada de razão. Eu me abalo porque sou pequena e qualquer coisa que nasça não termina em mim, porque não cabe. Quando conheço alguém, eu penso demais. Penso porque sou incoerente e apesar do pouco de razão que tenho em relação aos sentimentos, sobra razão pra parte em que eu julgo o que tô fazendo, pra saber se concordo com a maneira que tenho agido e tentar chegar a alguma conclusão - sem muito sucesso na maioria das vezes. Eu me anulo. Eu me abalo. Eu penso demais. Eu sempre preciso de um tempo pra adaptação com o outro. Desde sempre os sentimentos foram confusos em mim e nunca soube definir nada. Se é confuso quando conheço, quando gosto, quando convivo, isso se amplifica quando não conheço, não convivo, mas gosto. Sem explicação. Tem gente que eu vejo, que eu descubro sem querer, que eu gosto e não tem porquê. Gosto pelo que tá na minha cabeça, gosto pela impressão que passa, gosto pelo sorriso que, sem querer, vi, gosto sem ter conversado mas mesmo assim acho que pensa como eu. O fato é que tenho me anulado e me abalado e pensado bastante em função de quereres não realizados. Quando paro pra pensar no que quero e no que acredito eu me decepciono comigo mesma, porque não tenho feito nada disso. Será que fiz um dia? Eu quero fazer algo que eu considere importante. Isso não tem a ver com trabalho que retorne em dinheiro no fim do mês, isso não tem a ver com caridade pra comprar a consciência no fim do dia, isso não tem a ver com o que seja padrão e óbvio. Tenho pensado em sair por aí e aprender. Aprender com gente. É a melhor maneira. Eu quero me envolver em discussões, em aulas, em casas, em mesa com toalha quadriculada em branco e vermelho, eu quero ter momentos de epifanias em lugares diversos, "quero ouvir, quero ver", eu quero viver. Eu preciso me envolver com aquilo que eu me interesso, eu preciso me posicionar diante do que eu acredito. Eu só falo. Só tenho discurso. E ainda tenho me perdido nisso, tenho perdido o pouco da teoria que tive. Eu não sei o que preciso fazer, não sei por onde começar e não sei como arrumar tempo pra isso tudo. Preciso de idéias, de pessoas, de teoria e de muito mais prática. O que eu percebo é que tô no caminho quando me refiro a leituras e músicas - mesmo que não tanto quanto gostaria. Mas preciso prestar mais atenção na parte em que eu faço e sou.

domingo, 14 de março de 2010

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eu preciso conversar com você. não há nada que você possa fazer a respeito disso, e nem quero que você diga nada. só que me escute. eu misturei as coisas. sabe, eu fui te conhecendo e você é tão melhor do que eu sequer podia imaginar. e a gente tem afinidade. e seu sorriso me deixa tão sem ação. sabe, eu sei que misturei tudo e você não tem culpa nenhuma disso. não tem culpa de ser da maneira que é. não tem culpa que justamente sua maneira de ser me encante tanto e me deixe tão boba. eu não quero que você diga ou faça nada. tô dizendo porque não posso morrer com isso dentro de mim. não posso passar o resto da minha vida com um sentimento engasgado. porque pra sempre eu vou te ver de longe e pra sempre vou pensar no que poderia ser dito ou feito. eu não digo por você. eu digo por mim. eu digo porque haja afta pra nascer na minha boca se eu não disser nada. eu digo porque não tenho mais nada a perder. sabe, nunca soube como era doloroso perder o que a gente nunca teve. mas agora eu sei. e dói. talvez mais ainda. eu posso passar o resto da minha vida aqui, tentando te explicar o que aconteceu comigo, o que aconteceu com tudo, o que não aconteceu, mas não dá. simplesmente não há o que explicar e eu já me estendi demais. é tão difícil pra mim dizer. é tão complicado. eu nunca fiz isso assim, desse jeito, antes. eu nunca disse pra ninguém o que quero te dizer. eu nunca precisei procurar. eu nunca me expus tanto. eu nunca mostrei tanto uma fraqueza. nunca dei a cara pra bater assim. eu nunca estive tão vulnerável. dói tanto dizer. mas dói mais ainda não dizer. e é por essa dor toda que eu venho sentindo e eu preciso e quero acabar com isso. a gente as vezes precisa colocar um ponto final nas coisas. a gente precisa dessas representações todas. a gente é muito bobo e precisa de coisas concretas pra representar tudo aquilo que é abstrato. eu não vou conseguir olhar nos teus olhos pra dizer isso. eu não vou conseguir me entregar a tal ponto. olhar no teu olho vai deixar a janela aberta, as portas destrancadas, tudo revirado e à mostra. e não dá. mas eu preciso te dizer mesmo olhando pra baixo. mesmo de um jeito torto e desajeitado. mesmo que você não queira mais me ver. sabe, eu prometo que entendo. eu deixei pra dizer agora justamente porque não tenho mais nada a perder. nunca te diria em outra situação. eu sei que é viagem minha, eu sei que não deveria, eu sei que misturei tudo, sei que você tem sua vida e vai continuar com ela do jeitinho que tá, eu não tô esperando atitude alguma, querer eu até queria - não vou ser hipócrita - mas não tô esperando nadinha, só quero que você me ouça porque eu simplesmente não posso morrer com isso dentro de mim.

eu gosto tanto de você.