tag:blogger.com,1999:blog-61772298942814229452024-03-13T12:15:27.176-07:00"Pra entender,nada disso é tudo. e tudo isso é fundamental."Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-72700320828459855562010-10-25T11:44:00.001-07:002010-10-25T11:45:03.581-07:00Mudei de casa.<a href="http://www.aprendizdeclarice.blogspot.com/">Aprendiz de Clarice</a>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-4609841707232418532010-08-30T20:48:00.000-07:002010-08-30T20:48:30.634-07:00Sugestões para Atravessar Agosto<div style="text-align: justify;"><i>(ajuda do Caio F. pra esse mês que acaba. agora só falta setembro, outubro, novembro e dezembro. 2010 não tem sido um bom ano pra mim.)</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente.<b> Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.</b><br />
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Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha <b>e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará.</b> Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.<br />
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Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.<br />
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Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.<br />
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<b>Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá</b>, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.<br />
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Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.<br />
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<em>(O Estado de São Paulo, 06/08/95)</em></div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-61807169519496646462010-07-25T18:30:00.000-07:002010-07-25T18:30:00.408-07:00Um post desabafo.<div style="text-align: right;"><i>"Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo."</i></div><div style="text-align: right;"><i>(Caio F. Abreu) </i> </div><div style="text-align: right;"><br />
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<div style="text-align: justify;">Nunca gostei de quem sai pregando por aí suas teorias e opiniões como se fossem verdades absolutas. Gosto de quem conversa de maneira argumentativa, de quem expõe o que pensa, de quem realmente pensa no que diz e no que faz, mas respeita opiniões diversas. Frequentemente me é dito que sou muito rigorosa comigo e com os outros, e que devo entender que as pessoas tem o direito à liberdade, mesmo quando fazem merda. Quanto ao direito à liberdade, eu concordo, visto a quantidade de merdas que faço e o quanto odeio quando dão pitacos. Mas fico encantada em conhecer pessoas que tentam. Que acreditam. Que têm ideais e que vivem por um motivo além daquele de satisfazer apenas as suas vontades e desejos. Repito: não faço o que deveria, estou longe de ser alguém satisfeita com minhas condutas. Mas sou obrigada a concordar: realmente, sou demasiadamente exigente comigo - e, também, com os outros.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Recentemente me veio um assunto à tona: vegetarianismo. Comer carne nunca foi algo que me desse extremo prazer, mas por mitos como o de que necessitamos da carne para sermos saudáveis ou comodismo, nunca fiz questão alguma de conhecer um pouco mais à fundo. Sempre usei a frase "um dia, viro vegetariana" sem qualquer expectativa maior ou plano de que este dia chegasse. Há pouco mais de um mês, levantei da cama e comentei com minha mãe: "vou parar de comer carne." Eu não tinha argumento, não tinha ideologia, nada que me fizesse ter, de maneira formal, um motivo. Parei e ponto. Comprei alguns livros sobre vegetarianismo e venho pesquisando sobre o tema desde então. Somente após minha opção percebi o quanto ela nos faz pensar e repensar a respeito das nossas escolhas. Escolha do que a gente baseia a nossa vida e o nosso comportamento, escolha sobre o que comemos e a natureza daquilo que comemos e, por fim, sobre o consumo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Acabei de ter um bate-boca com minha mãe por um motivo bobo. Desde que fiz esta escolha vejo documentários, leio textos e tento me informar mais para poder escolher melhor. Via um vídeo sobre testes em animais no documentário <a href="http://www.youtube.com/watch?v=zKLjT3s_hCI&feature=related">"Não matarás"</a>. Minha mãe perguntou a razão de eu ver isso, que é tortura ver algo que incomoda tanto e dói. Acredito, firmemente, que nós só mudamos nosso pensamento e ações quando nos chocamos com algo. Eu, por exemplo, não tinha idéia de como eram feitos testes em animais e de como são desnecessários e sem fundamento. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por que nos recusamos ver ao que incomoda? Porque temos preguiça de mudar e quando a gente não vê, a consciência não martela o tempo inteiro como somos displicentes. Nós nos recusamos a ver para justificar a não-mudança. É assim no que diz respeito às relações sociais com outros homens e sociedades e é assim com os animais. Mas como já disse, a minha intenção não é convencer ninguém das minhas opiniões. Acho que é uma escolha muito pessoal e íntima, não diz respeito a mais ninguém além da gente mesmo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu só fico incomodada quando vejo que temos potencial e recursos pra fazer melhor e não fazemos por um motivo que vem justificando nossos erros desde muito tempo: dinheiro e poder.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;">De que serve a bondade?</div><div style="text-align: center;">(Brecht)</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">1</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">De que serve a bondade</div><div style="text-align: center;">Se os bons são imediatamente liquidados, ou são liquidados</div><div style="text-align: center;">Aqueles para os quais eles são bons?</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">De que serve a liberdade</div><div style="text-align: center;">Se os livres têm que viver entre os não-livres?</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">De que serve a razão</div><div style="text-align: center;">Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam?</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">2</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Em vez de serem apenas bons, esforcem-se</div><div style="text-align: center;">Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade</div><div style="text-align: center;">ou melhor: que a torne supérflua!</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Em vez de serem apenas livres, esforcem-se</div><div style="text-align: center;">Para criar um estado de coisas que liberte a todos</div><div style="text-align: center;">E também o amor à liberdade</div><div style="text-align: center;">Torne supérfluo!</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Em vez de serem apenas razoáveis, esforcem-se</div><div style="text-align: center;">Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo</div><div style="text-align: center;">Um mau negócio!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-28908343450734984422010-07-10T17:01:00.000-07:002010-07-10T17:01:09.706-07:00"closer"- o que foi?<br />
- nada.<br />
- hm...<br />
- e você? o que foi?<br />
- nada.<br />
- por que a gente sempre responde 'nada'?<br />
- porque é mais fácil.Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-81812112899964261482010-06-24T20:37:00.000-07:002010-06-24T20:37:07.147-07:00"quero que a solidão me esqueça."eu tenho me sentido mais sozinha do que normalmente.Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-4611050931674493602010-06-19T19:45:00.000-07:002010-06-19T19:45:33.623-07:00<div style="text-align: justify;">"Se é verdade que apenas podemos viver uma pequena parte daquilo que há dentro de nós, o que acontece com o resto?"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Era mesmo tão importante - importante de verdade - para ele saber o que os outros pensavam? O fato de não sabê-lo se devia à sua cabeça tresnoitada, ou estaria ele começando a se dar conta de uma estranheza que sempre existira, mas que sempre se mantivera oculta atrás de ritos sociais?"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trem noturno para Lisboa - Pascal Mercier.</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-10229222118626873172010-06-05T21:18:00.000-07:002010-06-19T19:33:29.648-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUFnUOX8sSZWv2Zte8ONiZtw-lKTWLYLqnVW3MgrF9D1XSyW-Yil2YQoPp2CC40Nz5T70iFSNjyXn14I4VS8XZgqErq4U3RWe80tN-M5UJLN1GfVijqE0U_a2jR-8ljdvJxYNBsr7tBaCK/s1600/beproud.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUFnUOX8sSZWv2Zte8ONiZtw-lKTWLYLqnVW3MgrF9D1XSyW-Yil2YQoPp2CC40Nz5T70iFSNjyXn14I4VS8XZgqErq4U3RWe80tN-M5UJLN1GfVijqE0U_a2jR-8ljdvJxYNBsr7tBaCK/s320/beproud.jpg" width="320" /></a></div><br />
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<div style="text-align: justify;">Parece sempre óbvio querer ter orgulho do que fazemos e, por fim, de nós mesmos. Mas com o tempo descobrimos que isso de ter orgulho é um aprendizado e um exercício, tal como o que chamam de felicidade. É por fim pensar "faria de novo", como a teoria do eterno retorno. É reconhecer que cada pedaço da vida - inclusive e, especialmente, o que não foi tão agradável - valeu a pena e teve sua importância.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E isso é tão difícil porque conciliar a vida real com essa que passa na nossa cabeça é um conflito - como já foi dito por aqui e por outras pessoas tantas vezes. Eu vou ter orgulho de mim no dia que for flautista, no dia que tiver minha casa com labrador, varanda e rede, no dia que me envolver com arte e educação da maneira que acredito, quando conseguir argumentar e expor as minhas opiniões, me impor sem ser arrogante, aprender a lidar com mais tranquilidade e menos stress com as pessoas e que tiver tempo pra ouvir e ler pelo menos metade do que tenho interesse. Isso é o mínimo.</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-83115473007457601312010-06-04T20:49:00.000-07:002010-06-04T20:49:21.123-07:00me assusta saber que somos, desde o nascimento, um universo de potencialidades mas castrados e podados até o fim.Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-69177749054729936332010-05-30T21:06:00.001-07:002010-05-30T21:06:10.109-07:00<div style="text-align: justify;">sabe, é muito difícil se dar conta da vida de verdade. a gente cresce nos colégios e nos cursinhos e com os amigos e nas aulas idealistas da faculdade pensando em fazer só o que gosta e o que acredita. mas quando a gente se dá conta da realidade, percebe que não é bem assim. é difícil acreditar em algo. eu queria muito ser que nem as pessoas normais, que vivem e se conformam bem com o mundo do jeito que está. ou no máximo pensam 'é uma droga que seja assim', mas continuam vivendo suas vidas, de bem com o dinheiro que ganham, mesmo com suas dificuldades, mas felizes com seus finais de semana e suas cervejas durante um jogo de futebol. sabe, comigo não é assim. comigo nunca foi assim e no fundo eu nunca estive feliz. eu consigo entender o que os teóricos filósofos dizem sobre felicidade, ou a falta dela. eu também entendo quando por um momento a gente está completo, mas nada faz sentido nesse mundo e é impossível ser completamente feliz. voltei a ter aulas pensantes e isso faz de mim uma pessoa ainda mais insatisfeita. e a pior parte dessa história é que sou uma insatisfeita que não faz nada. as coisas são tão camufladas que não nos damos conta que compactuamos com todo esse sistema, com toda essa maneira de ser do mundo ao nos isentarmos das responsabilidades e posicionamentos e, simplesmente, querer o mais fácil. como eu disse, é muito difícil mesmo conciliar a vida que quer e acredita com a que encontra por aí. e sabe, eu definitivamente não sei o que quero da vida e isso ainda me faz mais inconstante e confusa. estou cansada e a única coisa que sei é que sou muito nova pra isso.</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-28877001790448665052010-05-29T19:33:00.001-07:002010-05-29T19:33:37.305-07:00hoje eu chorei de saudade.Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-40698502754855814452010-05-24T21:24:00.001-07:002010-05-24T21:27:08.615-07:00O analfabeto político - Brecht<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/2RwJemF_9tY&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/2RwJemF_9tY&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-74581104780979582222010-05-16T19:57:00.001-07:002010-05-16T19:57:18.437-07:00O que tenho sentido - apesar de tanta coisa junta acontecendo - é um extremo vazio.<br />
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E só.Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-34594073101521103652010-03-28T22:29:00.000-07:002010-03-28T22:31:45.681-07:00<div style="text-align: justify;">Desses desabafos que eu fico sem palavras e sem saber que eu tô sentindo direito, é assim que começo. Tanta coisa engasgada, tanta coisa a ser dita e tanta coisa sentida que misturou-se tudo e não sei nem aonde estou. Quando conheço alguém, eu me anulo. Eu me anulo temporiariamente porque quero mergulhar num universo que não é meu, pra ver se entendo melhor o mundo. Quando conheço alguém, eu me abalo. Me abalo porque sou toda sentidos e quase nada de razão. Eu me abalo porque sou pequena e qualquer coisa que nasça não termina em mim, porque não cabe. Quando conheço alguém, eu penso demais. Penso porque sou incoerente e apesar do pouco de razão que tenho em relação aos sentimentos, sobra razão pra parte em que eu julgo o que tô fazendo, pra saber se concordo com a maneira que tenho agido e tentar chegar a alguma conclusão - sem muito sucesso na maioria das vezes. Eu me anulo. Eu me abalo. Eu penso demais. Eu sempre preciso de um tempo pra adaptação com o outro. Desde sempre os sentimentos foram confusos em mim e nunca soube definir nada. Se é confuso quando conheço, quando gosto, quando convivo, isso se amplifica quando não conheço, não convivo, mas gosto. Sem explicação. Tem gente que eu vejo, que eu descubro sem querer, que eu gosto e não tem porquê. Gosto pelo que tá na minha cabeça, gosto pela impressão que passa, gosto pelo sorriso que, sem querer, vi, gosto sem ter conversado mas mesmo assim acho que pensa como eu. O fato é que tenho me anulado e me abalado e pensado bastante em função de quereres não realizados. Quando paro pra pensar no que quero e no que acredito eu me decepciono comigo mesma, porque não tenho feito nada disso. Será que fiz um dia? Eu quero fazer algo que eu considere importante. Isso não tem a ver com trabalho que retorne em dinheiro no fim do mês, isso não tem a ver com caridade pra comprar a consciência no fim do dia, isso não tem a ver com o que seja padrão e óbvio. Tenho pensado em sair por aí e aprender. Aprender com gente. É a melhor maneira. Eu quero me envolver em discussões, em aulas, em casas, em mesa com toalha quadriculada em branco e vermelho, eu quero ter momentos de epifanias em lugares diversos, "quero ouvir, quero ver", eu quero viver. Eu preciso me envolver com aquilo que eu me interesso, eu preciso me posicionar diante do que eu acredito. Eu só falo. Só tenho discurso. E ainda tenho me perdido nisso, tenho perdido o pouco da teoria que tive. Eu não sei o que preciso fazer, não sei por onde começar e não sei como arrumar tempo pra isso tudo. Preciso de idéias, de pessoas, de teoria e de muito mais prática. O que eu percebo é que tô no caminho quando me refiro a leituras e músicas - mesmo que não tanto quanto gostaria. Mas preciso prestar mais atenção na parte em que eu faço e sou. </div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-17674488939290973942010-03-14T20:37:00.001-07:002010-03-14T20:38:33.334-07:00,<div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">eu preciso conversar com você. não há nada que você possa fazer a respeito disso, e nem quero que você diga nada. só que me escute. eu misturei as coisas. sabe, eu fui te conhecendo e você é tão melhor do que eu sequer podia imaginar. e a gente tem afinidade. e seu sorriso me deixa tão sem ação. sabe, eu sei que misturei tudo e você não tem culpa nenhuma disso. não tem culpa de ser da maneira que é. não tem culpa que justamente sua maneira de ser me encante tanto e me deixe tão boba. eu não quero que você diga ou faça nada. tô dizendo porque não posso morrer com isso dentro de mim. não posso passar o resto da minha vida com um sentimento engasgado. porque pra sempre eu vou te ver de longe e pra sempre vou pensar no que poderia ser dito ou feito. eu não digo por você. eu digo por mim. eu digo porque haja afta pra nascer na minha boca se eu não disser nada. eu digo porque não tenho mais nada a perder. sabe, nunca soube como era doloroso perder o que a gente nunca teve. mas agora eu sei. e dói. talvez mais ainda. eu posso passar o resto da minha vida aqui, tentando te explicar o que aconteceu comigo, o que aconteceu com tudo, o que não aconteceu, mas não dá. simplesmente não há o que explicar e eu já me estendi demais. é tão difícil pra mim dizer. é tão complicado. eu nunca fiz isso assim, desse jeito, antes. eu nunca disse pra ninguém o que quero te dizer. eu nunca precisei procurar. eu nunca me expus tanto. eu nunca mostrei tanto uma fraqueza. nunca dei a cara pra bater assim. eu nunca estive tão vulnerável. dói tanto dizer. mas dói mais ainda não dizer. e é por essa dor toda que eu venho sentindo e eu preciso e quero acabar com isso. a gente as vezes precisa colocar um ponto final nas coisas. a gente precisa dessas representações todas. a gente é muito bobo e precisa de coisas concretas pra representar tudo aquilo que é abstrato. eu não vou conseguir olhar nos teus olhos pra dizer isso. eu não vou conseguir me entregar a tal ponto. olhar no teu olho vai deixar a janela aberta, as portas destrancadas, tudo revirado e à mostra. e não dá. mas eu preciso te dizer mesmo olhando pra baixo. mesmo de um jeito torto e desajeitado. mesmo que você não queira mais me ver. sabe, eu prometo que entendo. eu deixei pra dizer agora justamente porque não tenho mais nada a perder. nunca te diria em outra situação. eu sei que é viagem minha, eu sei que não deveria, eu sei que misturei tudo, sei que você tem sua vida e vai continuar com ela do jeitinho que tá, eu não tô esperando atitude alguma, querer eu até queria - não vou ser hipócrita - mas não tô esperando nadinha, só quero que você me ouça porque eu simplesmente não posso morrer com isso dentro de mim.</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">eu gosto tanto de você. </div></div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-57420388693957405122010-02-14T19:41:00.001-08:002010-02-14T19:41:35.815-08:00esboço do rascunho do texto.<div style="text-align: justify;">Lá pela madrugada, entre um gole de café e uma página de Nietzsche, Madalena pensava em tudo o que vinha lhe acontecendo. Incrível como depois de tanto tempo havia o mesmo medo, a mesma dúvida sempre. Não gostava de admitir, mas no fundo entendia muito bem todos aqueles a quem julgava. Julgava simplesmente para disfarçar. Certa vez ouviu a irmã dizer numa conversa de boteco que mulher que fica com homem casado é vagabunda mesmo. E como não concordar? Não concordar assinaria um atestado de culpa. Não concordar mostraria uma possível fraqueza. Quantos de nós não concordam aparentemente com o dito para não precisar dar explicações ou ser mal interpretado - ou interpretado exatamente como somos?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Sim, o que nos obriga afinal a admitir que haja uma oposição fundamental entre 'verdadeiro' e 'falso'"?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Minutos antes lera a afirmação de Nietzsche sobre a verdade relativa, sobre a verdade que cada filósofo carrega dentro de si e dentro de suas obras. Consequentemente a parcela de verdade que cada um de nós possui. E da parcela que suportamos. O que é a verdade, afinal?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A verdade é que cada momento seus conceitos se desmanchavam e cada pedaço de vida vivida, cada suspiro, cada pessoa fazia Madalena relativizar mais. A verdade é que criamos barreiras para não enlouquecer e Madalena só tentava se salvar. Como todos nós. A verdade é que tudo é uma grande mentira. A verdade é que estamos perdidos e sós.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Decidiu ir deitar e enquanto se virava de um lado para outro, vinha a imagem dele em seu pensamento. Mas quando se voltava para o lado direito, o 'ele' que aparecia era outro. Como admitir vontades e desejos? Como conciliar tanto sentimento? Como viver na verdade inventada por uma sociedade que se baseou em uma felicidade pré determinada para fundamentar a construção do Estado?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A verdade é que Madalena precisava se sentir viva com acontecimentos novos e intensos. Mas gostava de se sentir segura, de ter um porto para onde voltar. Seu porto era aquela cama, com aquele homem do lado, aquele cheiro conhecido, olhos já decifrados e a falsa segurança de ter aquilo tudo para sempre. Queria ir, mas precisava ter para onde voltar. E com medo de não conseguir voltar, Madalena nunca seguia. Nunca por falta de vontade, apenas por medo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Madalena decidira por um minuto dar rumo novo à vida. Levantou da cama, separou rapidamente algumas roupas, colocou-as em uma maleta, beijou o rosto do homem deitado ao seu lado e foi. De camisola e pantufas. Assim, exatamente como estava. Andou até o portão de sua casa e olhou para trás. Lembrou de tantos anos, de tudo o que fora deixado de lado, dos sonhos não concretizados. Lembrou do sorriso daquele homem. Lembrou de suas mágoas, das brigas e implicâncias de tantos anos, de seus olhos e da falta de necessidade de qualquer explicação. Ele sempre entendia. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então Madalena tirou as pantufas e foi. Ou melhor, voltou. </div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-38086202991127635012009-12-30T21:03:00.003-08:002009-12-30T21:03:14.442-08:0014 de dezembro de 2009.<div style="text-align: justify;">Tempo,<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A nostalgia é inevitável no fim do ano. Todos começam a falar de um ano novo que vem por aí, aspirando zilhões de projetos novos. É uma época que, querendo ou não, revemos o que temos feito das nossas vidas, o que queremos que continue, o que queremos mudar radicalmente, enfim, o que queremos. Desde que me entendo por gente sou como aquela frase de Oswald de Andrade sobre o modernismo brasileiro: "não sabemos o que queremos, mas sabemos exatamente o que não queremos". Sei bem o que não quero. Sei da minha cabeça dura e teimosia, mas me revejo periodicamente e tento, na medida do possível e com respeito profundo à minha essência humana - demasiada humana, ser alguém melhor. Talvez mais por perfeccionismo e orgulho do que por um motivo bonito. Mas é sincero.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2009 me deu muitos presentes. E como todo mundo pode constatar em época de amigo oculto, não gostamos de todos os presentes que ganhamos. Mas nem por isso eles deixam de ter sua importância. Recebi muitas coisas neste ano, espero que saiba levar daqui pra frente e usar quando necessário.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De coisas concretas foram alguns shows e peças, algumas viagens, uma carteira de motorista, fotos com gente que sou fã, o pior porre da minha vida, ligações queridas, pessoas muito especiais que conheci, pessoas muito especiais que permanecem, alguns milkshakes de nutella e de alpino, dois estágios realizados e uma entrevista de emprego que não deu certo, vááários emails, um all star de presente de aniversário, "Divã" - o melhor livro que ganhei no ano, um parabéns regado a guitarra e confusões de sempre.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Das coisas intangíveis não há a possibilidade de listagem, visto que a cada dia tenho novas, velhas, inúmeras crises e muitas delas totalmente não-contáveis. Mas posso dizer que aprendi e estou tentando aceitar certas coisas.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não acredito em uma vida sem gente por perto. Sem relações entre as pessoas. É por meio delas que a gente estipula e revê valores, que nos comparamos com o outro e podemos determinar que tipo de pessoa queremos ser e quais companhias queremos enquanto você deixar.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vinicius de Moraes disse que algumas das pessoas que ele considerava amigos, nem sabiam que eram. É assim que me sinto, porque considero e dou valor a gente que nem sabe quem sou e que não sei exatamente quem são. Eu fui ver meu ex professor de flauta tocar em uma creperia e conheci um barman. Nós conversamos enquanto eu estava lá, desabafei com ele algo que me incomodava e só era digno de ser dito a um desconhecido. Acho que todo barman tem algo de psicólogo. Pois ele me ouviu e disse o que pensava. Não lembro o nome dele, mas isso não importa. Ele foi importante. E por falar em psicólogo, voltei a fazer terapia. Tinha tentado três vezes, mas odiei todas as psicólogas que fui. Acho que lido melhor com homem mesmo. Certas coisas que eu digo a ele, não contaria - e não conto - a um psicólogo. Só a um amigo. Faço estágio na biblioteca do Ministério Público e tenho preconceito com engravatados desde que nasci. Atendi um promotor que conversou comigo, brincou e riu comigo e me deixou um pouco mais flexível sobre isso. Ele também foi importante. Antes do MP, estagiei em um lugar que conheci duas pessoas demais. Uma delas era minha chefe. É uma das pessoas que mais me faz rir no universo junto com a outra pessoa que é super sensível e gente boa. Eu espero que você as deixe perto de mim. Comecei a ter aulas de flauta com um super cara. Sabe um super cara? Alguém que eu admiro desde que ouvi falar, e agora com muito mais motivo. Nunca tinha conhecido alguém da internet pessoalmente. Pois que uma amiga e companheira de blogs veio à minha cidade e fui vê-la. Foi bem mais fácil e proveitoso do que achei que seria. E ela ainda diz que eu que sou a desbocada. Teve também o guitarrista. O Marcelo Tas que autografou meu livro lindamente. O bombeiro que eu conheci no início do ano. O grego que pega o mesmo ônibus e conversa comigo sobre espiritualidade.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As pessoas são a salvação. Porque com elas aprendemos a nos desiludir.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Desilusão é simplesmente parar de acreditar que se é mais esperto que os outros"<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Neste ano descobri que não sou nada esperta.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2009 me fez, finalmente, entender que por mais que se conheça, seja amiga, ande junto, considere, ame alguém, vai ferir essa pessoa e que a recíproca é certa. Que por mais que as pessoas me conheçam - e sim, em alguns pontos elas me conhecem melhor que eu mesma - elas não deixarão de fazer algo que vai ferir em função de seus interesses. E que eu farei a mesma coisa. Eu aprendi que um amigo que gosto muito dirá coisas que vão me machucar e ele não vai achar isso nada demais, não se dará conta disso e que, em algum momento, será preciso me afastar. Vi que muitas vezes as pessoas que tanto consideramos, que nos importamos e procuramos não farão o mesmo. E basta o silêncio pro contato acabar. Entendi que depois de dizer coisas que tenham ferido uma amiga querida não há como voltar atrás. Mesmo que ainda haja respeito e admiração, certas coisas não voltam a ser como eram antes. E posso conhecer alguém que inicialmente não faz muito bem, mas você e a convivência não deixam o lado bom passar despercebido.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sabe, eu sei que nunca me dei muito bem contigo, mas reconheço que nossa relação tem melhorado. E que sempre foi por minha causa. No fundo, no fundo, você nunca quis me sacanear. Eu é que entendi tudo errado.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Tempo, eu só espero que em 2010 eu aprenda mais coisas. E com tanta intensidade como em 2009.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Obrigada por tudo,<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cissa.<br />
</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-3152797731404401942009-12-08T16:34:00.000-08:002009-12-25T14:22:01.810-08:00"Nascer é uma novidade e é um choque."<div style="text-align: right;"><div style="text-align: right;"><i><br />
</i><br />
</div><div><i><br />
</i><br />
</div></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBOeRdAK9bLHR8wEdQxJy5hT8xs_YMz1lo4ANWc8edVbcMzEBnuFw7XUCCzI67U75u8ydjXojD-tQ7PfHW-gJa9LvUYtEllRxbdhAwqjH-3gzMYY-IzOZvYatQd8SR20rl-zBipce3hWgS/s320/livro.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBOeRdAK9bLHR8wEdQxJy5hT8xs_YMz1lo4ANWc8edVbcMzEBnuFw7XUCCzI67U75u8ydjXojD-tQ7PfHW-gJa9LvUYtEllRxbdhAwqjH-3gzMYY-IzOZvYatQd8SR20rl-zBipce3hWgS/s320/livro.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 230px;" /></a><br />
<div style="text-align: right;"><div style="text-align: left;"><i><br />
</i><br />
</div></div><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">"Não acredito que haja apenas uma maneira de viver, com aventuras parcialmente aceitas e alguns excessos tolerados."</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Gosto da Martha Medeiros. Recebi algumas crônicas por email, comprei um livro, gosto da maneira como ela se posiciona a respeito dos assuntos, da maneira como escreve. Há algumas semanas ganhei de aniversário um livro dela. <b>Divã.</b><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O professor de uma matéria que fiz chamada "Idéias filosóficas em forma literária" disse que ler um romance vale a pena quando há mudança a partir da leitura. Eu era uma pessoa antes de ler "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" de Clarice, ou melhor, eu era uma antes de conhecer Lispector e sou outra a partir do momento em que a conheci. O mesmo acontece com Vinicius, Kundera, Carpinejar, Drummond e tantos outros.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora sou outra depois de "Divã". O livro mexeu com as minhas estruturas, não porque as tenha mudado radicalmente, mas porque as vi tão legitimadas, tão cheias de razão, com tanto sentido em mim que me deixaram confusa e sem saber como eu acho que as coisas devem ser.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A partir da análise da sua vida, Mercedes consegue identificar e reproduzir a transitoriedade da vida, a angústia disso tudo que passa e é tão difícil aceitar. O casamento, um rolo, a partida de uma amiga, por uma razão ou por outra. O fato é a ausência que invariavelmente fica com a partida de quem vai.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><i>"Aprender a conviver com o efêmero é uma das tarefas mais duras que a vida impõe."</i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mais do que isso, pra mim, o livro é uma desconstrução do que disseram que é certo e do que deve ser feito. Aponta a falta de respostas e que cada um que encontre a sua. Fala, sobretudo, do que é humano, de todos esses sentimentos confusos e do número de possibilidades que a vida oferece e que nós, normalmente, limitamos a uma só porque foi o que nos disseram. Este livro é a liberdade.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><i>"Perigoso é a gente se aprisionar no que nos ensinaram como certo e nunca mais se libertar, correndo o risco de não saber mais viver sem um manual de instruções."</i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A partir do livro procurei ver o filme e é estranho ver tanta coisa platônica - ou seja, o que estava no campo das idéias - materializada. Faria coisas diferentes, diria o texto em tom diferente. Gostei do filme, mas acho o livro profundo demais pra ser materializado. Acho que entendi o mundo das idéias de Platão e da nossa cópia imperfeita agora. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><i>"Para onde vai tudo o que a gente pensa e reprime, tudo o que a gente ouve e estoca, tudo o que a gente lê e compreende, tudo o que a gente vê e não toca? Para onde vão as idéias que a gente consome e os sentimentos que nos envergonham?"</i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A partir das nossas leituras é possível partilhar a vida com o outro, é possível nos colocar no lugar do outro e é assim que paramos de julgar para compreender. Eu compreendo Mercedes.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><i>"Sozinha a gente apenas se preserva. A nossa existência, pra valer, só se confirma através dos outros."</i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao ser levado aos tribunais por causa do escândalo causado por Madame Bovary, Flaubert disse a famosa frase: "Emma Bovary c'est moi".<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mercedes é uma mulher de mais de quarenta anos, com filhos jovens, separada, amante das artes plásticas.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu tenho vinte e dois anos, não tenho filhos e não sei se quero ter, não tenho marido e não sei se quero ter, e um dia, mesmo que distante, quero tocar flauta bem.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Por todas essas diferenças por fora e tanta semelhança ao chegar mais perto é que digo: <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>Mercedes sou eu. </b><br />
</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-36195760582988634002009-11-29T15:39:00.000-08:002009-11-29T16:24:42.063-08:00'outras frequências'<div style="text-align: justify;">Pra mim, há uma grande diferença entre barulhos e sons.<br /><br />Barulho é aquilo que acontece de manhã. Aquilo que confunde meu cérebro quando acordo, que irrita. É ter de conversar de manhã cedinho. Odeio barulho de liquidificador de manhã cedinho. Odeio barulho de manhã cedinho.<br /><br />Nas músicas é fácil identificar o que mais gostamos de ouvir, aquilo que nos toca. Adoro a flauta da Madalena nas músicas do Oswaldo, o teclado em "Ponto Fraco" do Barão Vermelho, a gaita nas músicas do Chimarruts, as quatro primeiras notinhas da guitarra em "Cheia de Manha" do Móveis, a percurssão que arrepia do Cordel, cada detalhe muito pensado nas músicas do Engenheiros, do 'ta-ra-taan' no início de "I'm yours" ou o 'tan tan tan' que meu pai faz no violão no meio de "A Rita" do Chico Buarque.<br /><br />Mas o que mais gosto é de pensar nos sons bobos e discretos do dia-a-dia, que na maioria das vezes estão lá, tão depercebidos, completando nossa vida sem que nos demos conta.<br /><br />Eu gosto, por exemplo, do som discreto que o grafite faz ao riscar o papel. E como eu sou canhota, tenho mania de arrastar as páginas do lado direito do caderno pra escrever desde o início da linha, e gosto de ouvir uma folha arrastando na outra. Também gosto do som das folhas dos livros quando passamos muito rápido e de quando colocamos um livro sobre o outro. Um barulho - irritante pra maioria - que gosto é do apito da máquina que magnetiza/desmagnetiza livros na biblioteca. E também quando estamos organizando os livros no carrinho.<br /><br />Gosto de som de coceira. de espirro. do pente no cabelo. do cortador de unhas. barulho de lixa me dá gastura. gosto do giz no quadro e de quando o professor pinga os 'is' com força com o pincel no quadro branco. do som do teclado quando eu digito rápido. das roupas sendo estendidas no varal. da caixa da minha flauta quando fecha. das portas do guarda-roupa fechando devagar. da janela sendo aberta. da água enchendo o copo. do gás do refrigerante escapando da garrafa. de sussurro. de beijo. de respiração. de esguicho de perfume. da tampa do hidratante. de abrir papel de presente. de pisar em folhas secas. de brincar de escorregar em chão ensaboado.<br /><br />Me dei conta há pouco - ou melhor, soube expressar há pouco - de que gosto muito do som dos passos das pessoas. Gostava de ver o desenho do scooby-doo só para vê-los correndo e ouvir muitos passos ao mesmo tempo.<br /><br />Mas gosto mesmo, mais ainda, do silêncio. Do silêncio das palavras e - algumas vezes - do pensamento. Porque só assim mesmo pra gente parar e ouvir isso tudo.<br /></div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-17058822898293171902009-10-20T04:36:00.000-07:002009-10-20T04:40:21.440-07:00Falso retrato.<div style="text-align: justify;">Hoje acordei e vesti um casaco. Até aí, nenhuma novidade. Visto um praticamente todos os dias. Mas vesti um casaco antigo, que fica grande em mim e chega a dar a impressão de que não é meu. Ao vê-lo no guarda-roupa, lembrei que ele tem um casaco igual ao meu. Preto, de zíper, com bolsos na frente e grande. Deve ter sido comprado no mesmo lugar e mais ou menos na mesma época. E nem lembro se já sabia quem era ele. Sei que peguei o casaco hoje de manhã e lembrei. Lembrei dele com o casaco preto num dia qualquer a noite, com a mochila nas costas e a chave do carro na mão. Lembrei e vesti por ser minha última opção. Mentira. Mas era a mais rápida. A última - ou a primeira - coisa que preciso e quero é ter uma lembrança tão perto e tão em mim. Tão em mim que não preciso olhar. Basta sentir e ele estaria, não do meu lado, mas abraçado comigo. Vesti o casaco mesmo assim, por pressa, por sono, por não ter idéia do que me causaria. Vesti o casaco, coloquei os fones no ouvido e escolhi o que haveria de mais óbvio pra ouvir. Andei olhando pra baixo, vendo o casaco que vi nele - e que não lembrava que tinha - em mim. Gosto de ficar em casa com camisa de homem. Desde criança gostava de dormir com as camisetas do meu pai, que me serviam de camisola. Acho bonito mulher em casa, vendo televisão, com a camiseta do namorado. A mulher fica ainda mais feminina com camisa de homem no corpo. E eu andava na rua com um casaco, preto, de zíper, com os bolsos na frente, igual ao dele. Casaco que eu não poderia saber da existência sem as terças-feiras à noite. Não saberia de nada sem elas. Não saberia do casaco, nem do cheiro, nem do abraço, nem do sorriso depois do abraço. E o fato é que quando os casacos trocam de corpos, misturam-se os cheiros e uma mulher fica mais perto quando veste o casaco de quem gosta. As terças me trouxeram um casaco que eu já tinha e um cheiro novo, que gostaria de ter no meu casaco - ou ter no corpo o casaco dele. O casaco me acompanhou o dia todo, e junto com ele a lembrança. A lembrança do que foi, do que não foi e do que eu gostaria que tivesse sido. E, durante o dia todo, eu quis o casaco dele. Eu quis o cheiro dele. E o pior de tudo é que eu ainda quero.</div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-52492429157599064842009-10-10T19:59:00.000-07:002009-10-11T17:46:11.270-07:00<p align="justify">"Tem coisa mais terrível do que você descobrir a sua própria solidão? É muito ruim quando você se dá conta de que não adianta casar, não adianta ter filho, não adianta ter pai, não adianta ter irmão, não adianta ter amigo, não adianta ter nada, não adianta escrever, não adianta pintar, não adianta trabalhar, não adianta contemplar, não adianta saber que existe o cosmos, não adianta. Tem uma coisa que é você, que não é o outro, que é você e você não vai poder trocar de lugar com o outro, que tem um lugar lá que é intransponível, que é indizível, que você não pode compartilhar, que você pode ficar conversando, dialogando, tagarelando o dia inteiro com as pessoas, você pode ler tudo, você pode tentar transmitir todas as informações, pode fazer poesia pra morrer e tem um lugar lá que é o lugar que você se dá conta que na hora da sua morte, naquelas horas que você tem plena consciência de que você é um ser que vai morrer, naquela hora, você é só você."</p>(Márcia Tiburi)Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-45216698485488865472009-10-07T18:42:00.000-07:002009-10-07T18:45:49.728-07:00<p align="justify">Se eu fosse eu, viveria de sonho e de música e de livros. Não perderia um nascer da lua. Saberia todos de cor. Tomaria banho de chuva, tiraria o relógio do pulso, escreveria mais e melhor. Se eu fosse eu, teria todos os cds das bandas que sou fã, todos os livros de Clarice e muito mais anéis. Se eu fosse eu, me exaltaria menos nas discussões - porque na maioria das vezes não me faltam argumentos, mas calma pra dizer todos eles. Se eu fosse eu, não teria medo de dizer o que sinto, de demonstrar que gosto, de dizer que me importo, de dizer da falta de tudo, que sinto saudade. Se eu fosse eu, abraçaria mais, demonstraria mais. Se eu fosse eu, diria das minhas chateações e satisfações, não guardaria tanto. Se eu fosse eu, sentaria pra conversar tudo o que há de mal resolvido dentro de mim.<br /></p><p align="justify">Se eu fosse eu, perderia o medo de falar em público.</p><p align="justify">Perderia o medo de de falar.</p><p align="justify">Perderia o medo.</p>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-88402137287475134032009-09-29T17:56:00.001-07:002009-09-29T17:58:14.308-07:00do cara que sabe das coisas.História Natural<br /><br />Cobras cegas são notívagas.<br />O orangotango é profundamente solitário.<br />Macacos também preferem o isolamento.<br />Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.<br />Andorinhas copulam no vôo.<br /><br />O mundo não é o que pensamos.<br /><br />(Carlos Drummond de Andrade)Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-61649155482216551712009-09-20T19:35:00.000-07:002009-09-20T19:36:32.346-07:00<p align="justify">A questão não é um show de uma noite, de um dia qualquer. A questão não é um furo, uma impossibilidade, um imprevisto. Não se trata de um combinado qualquer, que de repente é descombinado e deixa a gente triste pelo momento, mas que passa e que tá resolvido no dia seguinte. Não tô falando de nada disso. Eu tô falando de uma puta expectativa frustrada. De um combinado de tempo.<br />Eu tô falando da minha impossibilidade, azar, sei-lá-o-que da escolha que eu faço de pessoas e ídolos. Tô falando da incompatibilidade de amigos e quereres. Eles não tem nada com isso. Eles não são as minhas babás. Eles não têm de fazer exatamente o que eu quero. O problema é comigo mesmo. O problema é meu e da minha solidão de quereres e vontades e porras de coisas que eu tô a fim de fazer, que eu faço questão de fazer, que faz diferença na minha vida e na vida dos outros não. Eu tô falando de que pra mim faz diferença, que pra mim importa, que é importante. Tô simplesmente dizendo que esse caralho de solidão fode qualquer um. E que quem ainda não tenha se deparado com ela, um dia ela há de vir. E de fazer doer. Assim como faz comigo. </p>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-88815546305821356082009-08-28T16:16:00.001-07:002009-08-28T16:41:16.936-07:00Foi em um orfanato chamado 'Nosso Lar'. Laura, voluntária da casa, montou um grande quadro para que as crianças completassem com nome, idade e respondessem à pergunta 'o que você gostaria de ser quando crescer?' Cada criança escreveu o que mais chamava a atenção: advogado, médico, engenheiro ou pedreiro - 'igual o meu pai'.<br />Marcos foi o último a escrever no quadro. E foi o seguinte:<br /><br />"Marcos - 6 anos - quero ser poeta."Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6177229894281422945.post-60149369782437202009-08-11T18:31:00.000-07:002009-08-11T18:36:03.009-07:00da grande parte irracional da minha cabeça.<div align="justify">Eu não gosto de criar vínculos. Não gosto porque sei o que vem depois. Não gosto porque já aprendi que tenho de me preparar pra distância, pra saudade, pra vontade de fazer o agora durar para sempre - e de saber que 'pra sempre' não existe - e dói quando acaba. Eu odeio saber que o vínculo está sendo criado, que não posso e não quero impedir, que meu gostar nunca tem tamanho e que a pequena parte racional de mim grita pra eu tentar me controlar. Eu odeio ter a plena consciência - ao me aproximar de alguém - que tudo nesta vida é temporário, que acaba e que é mais curto do que imaginamos. Eu odeio a maneira passional com que eu lido com isso tudo. E odeio mais ainda não conseguir ter mudado até hoje, apesar de tudo. </div>Cissahttp://www.blogger.com/profile/02563000766005732115noreply@blogger.com6